quarta-feira, 8 de outubro de 2008

oxigénio

Oxigénio

Da praia vê-se Santa Luzia.
Vê-se o mar de Santa Luzia.
Algo paira no ar, sente-se
na profundidade pulmonar,
o oxigénio faz a mente viajar,
com a força que impulsiona
o mero acto de respirar.
Estamos na serra, no mar
e até onde alcança o nosso olhar,
sentimos a grandeza do mundo
no seu belo mais profundo.
Que é ver o dia brilhar na água do mar
em tons de luz que incendeiam os olhos,
com o deslumbre do encontro!
Da terra com o ar e do rio com o mar.

Da praia vê-se Santa Luzia.
Sente-se o ar em Santa Luzia.
Os olhos deslumbram casas,
todas bonitas mesmo, as menos belas,
que daqui parecem pequenas e singelas.
Imaginamos as pessoas que moram nelas!
Lembramo-nos logo de belas cinderelas.
É a magia do lugar e o cheiro a mar,
que fazem sentir no olhar,
o melhor que o mundo tem para dar.



Flor do monte

Devia jardinar o quintal!
Mas não tenho força para tal feito,
Será que é falta de jeito?
Ou o trabalho faz mal.
Se tivesse coragem era perfeito,
trabalharia de Sol a Sol
teria um jardim celestial

Consolo-me com a natureza,
rosas bravas, flores do monte,
ervas daninhas que crescem.
Com força que parece sobrenatural.
Mas! Olhando sua beleza deduzo,
que é sobre-humana a sua força afinal.

Encarnação Reflectida

Encarnação reflectida

Analisar um poema
pode ser psiquiatria à distância,
diz o que lês e tomam conhecimento do que sabes.
Fazendo um poema revelas sentimentos,
reflexões e pensamentos,
que deixam de ser teus
e são lançados aos ventos

È possível mentir nos sentimentos?
Sentir uma mentira!
Odiar quem não se conhece?
Amar uma desconhecida?
Encarnar numa alma perdida?

Vender um poema de amor,
a um estupor pouco inspirado,
para com ele cantar um fado.
Numa serenata de engodo,
cuja verdade não é amor em fogo
mas um capricho serôdio.

Louvar um ditador,
que causa sofrimento e dor,
mentindo com a vaidade
de quem faz a verdade.

Elogiar dinheiro e poder
para não comprometer
os pequenos prazeres,
de uma vida hedionda.
Que nos arrasta como uma onda.

È esta a capacidade do bom político.
Do mais comum dos aldrabões
e do mais simples poeta.
Encarnar na alma do semelhante.
Pensar e sentir na sua pele,
obtendo um retrato fiel
Da sua possível reacção
ou mera meditação.

Aldrabão, poeta e político,
são personagens que criam
o seu próprio circo.
Constroem o mundo que imaginam.
Encarnam a alma do público.
Para de seguida num encantamento,
introduzir a sua alma no corpo desse mesmo público.
Será assertividade ou jeito para actor?
Actor não porque neste caso só conta o aspecto exterior
Mas o teatro terá que bem desempenhado
Ao mesmo tempo que imaginado…

Pecúlio final
Criança com esperança,
de um futuro de bonança.
brinca criança.
Com a inocência da infância,
não percas a felicidade,
pois quando a perderes
Serás adulto.
Com saudade dos tempos de criança.

Em que brincavas e acreditavas,
que em todo o mal há esperança
e em todo adulto ainda mora a inocência
de uma criança.

A criança sucumbiu
abafada pelo que a vida proibiu,
mas a criança vai voltar
quando a hora da morte chegar
E só vai recordar. Que bom!
Ter tido tempo para brincar.


Eu macaco

Burro que caminha pela serra acima,
dá-me a tua alma, estou farto da minha.
És burro! Serás inteligente?
É indiferente, tens alma
E muita! Muita calma!

Estou farto de ser macaco,
embora me chamem primata
sou penas o que mata
Mata o tempo matando
tudo que anda na mata.

Mata sem necessidade,
aproveita todas.
Manhas e artimanhas,
para fazer todas as coisas
que há natureza são estranhas


Touro de cobrição (1)

Grande curtição
encarnei num toiro
estou sempre com erecção
com toda a vaca estoiro.

Grande vida na lezíria,
mas de repente!
Um macaco faz-me frente.
Surgem mais de repente.
Uns por trás outros pela frente
não adianta ser valente.

Estou aprisionado
numa gaiola encarcerado,
eu que não cometi nenhum pecado
e para piorar o fado.
Há macacos por todo o lado.

Macacos do carvalho
mexem na ferramenta
espremem os tomates
malditos macacos.

punhetas de macacos
estou feito em farrapos.
Cheguem perto dos cornos
que vós furo os olhos.

Mais vale morrer
que servir macacos.
Pois sentem prazer
Em fazer sofrer
E ainda por cima gostam de mexer.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Frases Loucas Com Ideias Soltas

Frases loucas com ideias soltas

Os temporais são cíclicos, as revoluções também
Ao Sol sucede a chuva, ao herói o bandido
A riqueza gera pobreza, o amor tristeza
A felicidade saudade.
São ciclos que a vida tem.

Será possível ser feliz?
Quem não conheceu a infelicidade.
Será possível sentir saudade?
De um momento de infelicidade.


O mundo cresceu?
Ou encolheu?
O mar mediterrâneo rodeado
Das terras conhecidas
No meio de um misterioso
Universo desconhecido
Deu lugar a um minúsculo
Grão de pó numa imensidão imensa.

Paralelismos na história?
Para isso é que serve esta ciência!
Anotar, e registar cada ocorrência
Para verificar se poderá ocorrer outra coincidência.

Gregos de outrora
São os europeus de agora
Americanos do presente
São romanos de antigamente

Os senhores da acção
Saloios e estúpidos
Dominam, controlam, constroem
São os americanos
Tal qual os romanos fizeram outrora

Roma foi um império
A América é um império
Em que fase da história está!
A América agora?
Quanto tempo resta de glória?
E só ler os livros e verificar que a historia
Apresenta um paralelo agora
A América vai passar à história

Os eleitos da sua oligarquia
Começam a ser das mesmas famílias
Sinal que a oligarquia vai parir a monarquia
Vai surgir um César americano sem demora


Paraíso fiscal

Globalização linda expressão
Aldeia global grande provocação
Multinacional empresa global
Não depende da vontade nacional

Não se conhece o patrão
A sua única razão
É o lucro que cheira a estupro
E na competição vale tudo

Corromper, extorquir, dividir
Manietar, comprar, iludir
São facetas da arte de mentir
Cujo clímax é a multidão a aplaudir

Aplaudem o desenvolvimento
A riqueza do momento
Esquecem o que está para vir
Obedecer a ordens sem decidir


Corno de cobrição

Grande desgraça
Falou-se na raça
Tinha graça ter raça
Como os toiros bravos da praça.

Com ar forte e valente
E uma bela cornadura
Assustaria toda a gente
Com coisa tão dura.

Investiria com valentia
Quem se me atravessa-se, gemia
Sofria uma dupla penetração
Com os cornos de um valentão

È fácil ser corajoso
Com os cornos na testa
Nenhum jeitoso
Se atreve a fazer uma simples festa

Podia ser ministro, Podia dialogar
Podia escoicear do alto do meu cargo
Todo e qualquer bandalho
Que discordasse e fosse ordinário

Isto é, se fosse um funcionário,
Pois um grande empresário!
Contratava um toureiro
Que me tirava do poleiro.

Afectos, autismos e parvoíces

Afectos

Felicidade

Vi o que vi
Senti o que sofri
Ri porque ri
Ali não aqui.

Amizade sem interesse
Amor sem paixão,
Sexo com ternura,
Estupidez pura e dura
E muitos actos de loucura.

O importante é ser feliz.
Que é como quem diz
Tenho tudo o sempre quis.


Amiga

Amiga, mas não irmã
Ombro amigo sem ser amante
Porto de abrigo
De uma paixão errante
Conselheira confidente
È só amizade que arde?
Quando olhares cruzam de frente!
Numa conversa! Amiga?

Olhos nos olhos
Amizade sem Paixão
Porquê esta descontracção?
Este à vontade
Para só falar verdade
Numa conversa sem tempo
Que deixa saudade
Do terno momento

Em que as palavras transportam
Um doce sabor de magia
Que é a alegria
De celebrar a amizade
Por mais um dia.


Sul

Faz chuva, faz Sol,
Como a vida é incerta.
Tão má para quem nunca acerta.
Não quero a incerteza
Que leva a avareza

Mas a natureza é caprichosa
Como a mulher beleza,
Que está fria ou quente
De forma inconsequente

É como o tempo do norte
Só faz Sol num dia de sorte
Quero uma mulher ardente
Sempre quente

Como o Sul
No sol do horizonte
Sempre quente.
Sempre igual e diferente
Mas quente.



Irmão

Irmão Germano
Serás sempre meu mano
Sob o mesmo tecto
Nascido e criado.

Que raças tão diferentes
Das mesmas sementes.
O que penso, não, sentes.
O que sinto, não, entendes.

Vejo um tigre,
Vês um gato.

Se for tigre,
És comido como um pato

Se for gato, vês a realidade
Melhor do que eu de facto






Rio

Rima Lima Rimou
Não o esquece
Quem por aqui passou.

Rima com rima,
Rio lima
Não é de espantar
Com rima rimar.
Nasceu para encantar
Lindo para sonhar.


Rima lima
Rio lima
Vou em ti viajar
Sem sair do lugar.

Lindo rio, verde veiga
Gostava de navegar
Terna e eternamente
Ao sabor da corrente
Esquecendo para sempre
O amor que não soube conquistar.

Autismos

Calem-me

Que coisa atroz
Calou-se uma voz
Para bem de vós

Finou-se, tenho dito
Estou farto de ser proscrito
Não digo mais asneiras tenho dito

Mas conseguirei parar de pensar
Ficar calado e conformado
Esperar pela morte, enfastiado
Pois então quando ela chegar
Ficarei para sempre aliviado

Loucura

Loucura e á fuga da realidade
De quem abomina a verdade,
Foge para a ficção
Experimenta uma nova direcção.
Mas será a perda da razão
A procura da felicidade?
É o poder da mentira, dentro da mente
Que esconde a verdade à alma que é gente.

E a pessoa acredita porque a verdade pode ser dura,
Alias, a loucura é uma fuga, da realidade
Criando alternativas, que podem ser novas facetas da realidade,
Alguns loucos mudaram o mundo.
Mas muitos mais, morreram seguindo loucuras
De gente louca, com ambição de fazer sua a verdade.

Foge para dentro de ti,
Cria um mundo que é só teu
E serás mais um louco.
Que morreu mas não viveu



Etologia do Homem

Aprende-se mais sobre o homem
Estudando a vida dos babuínos,
Do que estudando filósofos sabichões
Com teorias para enganar meninos.
Não passam as filosofias de meros resumos,
Da realidade tão longe da verdade.
Que é o facto do instinto animal do homem
Ser a força motora de toda a sociedade.
Todos os actos levam de uma forma ou de outra,
Mesmo que pareçam contraditórios,
Às leis do instinto de qualquer animal.
Seja ele estúpido como uma galinha
Ou fino como um rato
Que leis tão simples:
Comer para viver;
Sobreviver haja o que houver;
Reproduzir, o máximo que puder

Tanto acto reflectido,
Que no fundo não passam de milhares
De combinações diferentes
Para seguir as leis de vida
Como segue outro animal qualquer.




Escrevo por brincadeira,
E digo muita asneira
Para animar a malta porreira.

Mas não há maneira de por a malta a pensar,
Parece que já está programada para se deixar levar.
Como se fosse uma manada assustada!

Todos seguem a manada
Têm medo de ficar sós.
E a diferença entre só e nada
Se existe ninguém dá por nada.



Liberdade

Liberdade é andar na rua, sem nada para me preocupar,
Totalmente livre, sem sequer desejar.
Uma mulher para amar.

Percorrer despreocupadamente, uma cidade ou um lugar
Lentamente a observar, as preocupações da gente que passa,
Histórias de vida que se estão a desenrolar.

Vejo que no jogo da vida, tudo passa.
Tudo é um momento, mesmo o maior tormento
Porque depressa passa o tempo
E sempre o mesmo tempo, a mandar.

Ninguém manda no tempo
Que passa sem pestanejar
Passa sempre. É pontual
Para o bem ou para o mal.


Parvoíces

Os três outra vez

Calhou-me na sorte
Na compra de um jornal,
Um livro de poemas
Com muitos poetas e seus poemas.

Nunca tinha lido tal coisa.
Pensei! Vou mudar de sexo?
Ou vai acontecer,
Qualquer coisa asquerosa
Eu não nasci para esta prosa.

Nada aconteceu
Senti a emoção de ser
A primeira vez



Macacada

Aldeias de macacos
Cheias de homens
Os mais macacos de todos os macacos
Vingativos e ingratos
Finos como ratos

Macheza

Fogo húmido ardente
Vamos regalo com semente
Machos valentões
Preparem os canhões
Vamos vencer os cabrões

Vamos emprenhar toda a gente
Seja fêmea ou homem decente
Vai tudo na frente.

Pobreza

Pobre é alguém que tem menos que os outros
Pobre de espírito não sabe o que quer
Mas quer ter mais que os outros
Pobre verdadeiro e aquele que pensa com o estômago
A dar horas o dia inteiro.


Coragem

Um Leão é um Leãozinho
Quando esta sozinho
Hesita no caminho
Procura carinho
Quem é que lho poderá dar?

Uma leoa certamente
Não poderia ser uma fêmea
De espécie diferente

Crise imobiliária
Vinte macacos fardados
Com fatos engomados
Os pescoços magoados
Que pelo nó da gravata estavam apertados
Morreram enforcados
Com cara de cromos chapados.

A tribo dos Cromos

A história que me vêm à memória, narra uma sociedade brilhante que nasceu e nunca esmoreceu

A tribo dos cromos
Seres forte e valentes fazem questão de ser diferentes, arrogantes e com a mania que são inteligentes a sua altivez disfarça a sua estupidez.


De seguida apresentam-se os cromos Xanax e Fantástico.

Xanax – fico irritado com a minha fêmea, quando lhe dou uma valente queca, ela de seguida levanta-se cheia de energia, parece que em vez de a estar a comer estive mas foi a dar-lhe
corda.

Fantástico – isso não pode ser, se calhar não a fazes gemer como deve ser.
Xanax – Sabes a minha fama, comigo todas dormem na cama.
Fantástico – Lá está dormem, não percebes é nada, do riscado olha a primeira lição:

A fantástica técnica de penetração do fantástico
Para haver penetração
E necessário tomar a mediatriz
Se a geométrica for simétrica
Se não arranja-se uma matriz

Atenção à viscosidade
Podemos cometer uma maldade
Mas isso depende da coesão
Que depende da humidade

O importante e não haver complicação
Que é inversamente proporcional
A vontade e à expressividade
Ter em conta o tempo de aplicação

A força e o binário têm muita importância
Tem que ser aplicados com perseverança
Controlar muito bem a distância
Pode afectar a velocidade e revelar ganância

Um sistema de equações pode ser o indicado
Se o caso se revelar bastante complicado
Nenhuma incógnita pode ficar no armário
Pois o assunto deve ser consumado



Xanax – estas tu a contar o padre nosso, ao salafrário, eu até utilizo o software adequado.
Fantástico – Sei como dizem os mais velhos no ditado popular: “ o que eles sabem já me eu esqueci a muito” só que às vezes esquecem coisas muito importantes tais como: por a gaita em pé
Xanax – Queres levar nos cornos ou quê? Isto é como eu quero o “on” e “off” sempre que me aprouver. Posso demonstrar com a tua mulher?
Fantástico – Calma, eu estava-me a referir aos preliminares.
Xanax – Os quê?
Fantástico – Os beijos e as carícias que fazem as delicias de qualquer mulher!
Xanax – Deves estar equivocado sabes bem, que eu nunca fui efeminado. Isso de beijos e carícias è coisa de mulher com mulher.
Fantastico – olha mas é a segunda lição que já me estás a sair um morcão:

Os preliminares do Fantástico
Antes da sacudidela
Uma boa lambidela
Nem que seja na boca dela

Sempre com calma
Observa o corpo dela
Fazendo cócegas
Como ela quer

Mostra satisfação
Ao massajar o seu corpo
Não olhes para ela
Com cara de desgosto

Xanax – Olha estamos velhos para estas merdas, o melhor, é pedir a reforma, no emprego é claro!
Fantástico – Terceira e ultima lição
Sermão do Fantástico aos velhos
Julgas que estas xexé
Ainda tens muitas para dar em pé
Não passas de uma mera ferramenta
Que trabalha até que arrebenta

Da experiência advêm a ciência
Da virtude a paciência
Terás uma medalha de cortiça
Quando entrares em demência

Não tens que te preocupar
Com os dias a passar
Andarás sempre a mourejar
Até a vida de ti se fartar

Xanax – Já não fechas bem a mala! Vai dormir que estas com sono.


George Young
Abril 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

capital

Deus abençoe, a América
Para o infinito e mais além
Toy story

Capital
O capitalismo serve-se do egoísmo
Para servir egos e vontades,
Todos se esforçam por dar produção.
São escravos de um sonho
Um sonho lindo!

Tudo é possível na verdade
Mas atendendo às leis da probabilidade,
A maioria vai viver o pesadelo da realidade.

O capitalismo evoluiu, é certo
Não é fruto das ideias de um punhado de homens
É como um ser vivo que reage segundo as leis da vida

Mas quando se chama liberalismo puro e duro,
Com ausência de mecanismos de controlo,
Que impeçam grandes oscilações dos equilíbrios
Acontecem grandes desgraças
Ou crises!

Mas também não se pode esperar muito,
De algo que se baseia no egoísmo
E esquece o altruísmo!



Materialismo
Chegaram tão longe os filósofos gregos,
Desvendaram, tantos segredos,
Que parecia que anunciavam
O fim dos mitos e dos medos.

Avançamos tanto desde então!
Segredo após segredo,
Demos razão à razão.

Parecia que a natureza,
Era um simples enredo,
De uma longa serie de televisão.

Reflectindo sobre o breve período de uma vida
Não se descobre a falsidade dos mitos
E ampliam-se os medos
Porque não se tem o conforto de uma religião.



Poema de assustar

Sou um corpo sem alma,
Um aeroporto para encarnar,
Vejo almas partir e voltar.
Observo-as com atenção e calma

Não as quero.
Não as deixo ficar,
Entre o chegar e o partir
Algo há-se sobrar.

Voltarei a ter alma?
Noutro mundo se calhar.
Será uma nova experiência.

Não tenho medo,
Não me deixo assustar.
Mas digo em segredo
Que não estou a brincar


Fuga
Quero sair, partir, fugir,
Lutar, sentir, existir,
Respirar a brisa
De uma vida que deixa saudade.

Porque foi vivida
Sentida, sofrida
Amada e perdida.

sábado, 4 de outubro de 2008

Os Pessoas que derrotaram o comunismo

O cinismo derrotou o comunismo,
Gente que disse sim pensando não
Não fez nada a não ser obedecer
Cumprindo o mais devagar que podia o seu dever.
Lutando no silencio, boicotando!
Sim boicotando quando ninguém estava a ver,
Minando até apodrecer a ditadura, com que tinha que viver.

Foi de surpresa que caiu,
O grande estado eterno.
Todos tinham percebido
As elites e as plebes,
Que o sistema não batia certo
Contava mentiras sem um resquício de verdade
Ninguém acreditava mas todos fingiam
Fingiam acreditar. E fingiam tão bem!
Que se acreditava que o sistema estava bem.
Nem valia a pena sondar opiniões
Pois todos sabiam as lições
E não discordavam da ideologia
Se não morriam de alergia
Ou de outra doença na moda nesse dia.
Pois o sistema tinha evoluído
E estava fora de moda eliminar a dissidência por hipotermia.
JN – Setembro 2009

Ao contrario do prometido, o George Young não terminou o futuro grande romance, que promete ser uma ode à estupidez “A Tribo dos Cromos” e regressa com histórias para crianças.


A Epopeia das Rosas

No jardim da hipocrisia
Florescia a demagogia,
Nasceu uma linda rosa
Sem a cor que o chefe queria.

Era uma linda rosa branca
Que irradiava energia.
Mas a magia da beleza
Não alegrou sua alteza,
Queria rosas cor de rosa
De acordo com a sua prosa.

Ordenou ao jardineiro
Para trabalhar o dia inteiro.
Ou fazia rosas, cor de rosa.
Ou ia para o galheiro.

O pobre jardineiro
Trabalhou o dia inteiro.
E foi mesmo por magia
Que no fim do mesmo dia,
Floresceram, muitas rosas,
Mas nenhuma cor de rosa.

Eram todas tão bonitas,
Que o pobre jardineiro
Chorou de alegria,
Mas chegou o chefe a correr
E começou logo a tremer.
Umas rosas eram vermelhas
Outras da cor de uma laranja.

Chamou logo o pessoal,
Para remediar o mal,
Surgiu logo uma ideia
Que era mesmo genial
Vamos pintar as lindas rosas
Com um rosa cor de rosa
E não vai ficar nada mal.

Pintaram-se as lindas rosas
Com um rosa, cor de rosa,
Mas veio o orvalho da noite
E desbotou a pintura,
Surgiu um rosa choque
Da cor de uma ditadura.

Chegou uma linda senhora
E disse ao chefe com ternura
Que coisa tão horrorosa.
Desperta recordações de amargura

Surgiu logo a decisão
Vamos dar as lindas rosas
Uma segunda demão.

Mas com tanta tinta tóxica,
Desfizeram-se as lindas rosas
Em lindas pétalas cor de rosa.
Desfez-se uma a uma
E não sobrou uma para amostra.
A história já ficava famosa
Começando a chacota
A por muitos dentes à mostra.

Já a entrar em desespero
Reúne o chefe em segredo
A sua cara metia dó
Mas a gente tinha medo.
Apareceu o secretário,
Com a sua cara de otário
E disse muito assustado,
Que havia muito papel no armário
Cor de rosa muito rosa.

Disse o chefe ofegante:
Já tenho a solução brilhante,
Vamos fazer rosas de papel,
Será uma cópia fiel.
Corram todos para o armário
Justifiquem o salário.

Fizeram lindas rosas
Mas surgiu uma chuva impiedosa
Que destruiu o papel.
Com toda esta trapalhada
Surgiu uma grande gargalhada.
Tão grande que não se ouvia mais nada!

E o chefe em desespero,
Mandou arrasar o jardim
Com uma injecção de cimento
Colocou lá um projecto pin.
E o seu cérebro pensou assim
Com a comissão que sobra para mim
Vou gozar a reforma Quando ninguém se lembrar de mim